Nova unidade, novos serviços

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A inauguração da unidade de Hortolândia (SP), em agosto, trouxe um horizonte de novas possibilidades para a Plasser do Brasil. Logisticamente mais eficiente por estar próxima a um entroncamento ferroviário, a planta tem capacidade para atender as demandas de um mercado aquecido. Numa área de 5 mil metros quadrados, a Plasser passou a concentrar serviços de assistência técnica, reforma e manutenção de máquinas e reparo de componentes. Nesse portfólio, couberam ainda duas novidades: a oferta do inédito retrofit de equipamentos e a intenção de voltar a fabricar máquinas no Brasil.

A chegada do retrofit ao país segue uma tendência que já vem sendo adotada pela Plasser & Theurer na Europa. A aposta é tamanha que a empresa criou um departamento específico na Áustria, onde está localizada a matriz, para desenvolver esse tipo de serviço. Na prática, o retrofit nada mais é do que desmontar uma máquina antiga, preservando apenas o chassi, para que seja feita a substituição de suas peças e componentes, com o objetivo de modernizá-la. Diferentemente do overhaul, quando a máquina também é reformada, porém mantendo seu escopo, no retrofit é feita a atualização das tecnologias embarcadas. “Trata-se de uma máquina nova com chassi de uma máquina antiga. Podemos fazer a modernização elétrica, hidráulica, de controle de navegação, entre outros upgrades de sistemas”, resume Luciano da Mata, diretor Comercial e de Serviços da Plasser do Brasil.

Por aqui, o potencial desse tipo de serviço pode ser enorme em função da idade média do parque de máquinas Plasser & Theurer em operação nas ferrovias brasileiras, a maioria oriunda das décadas de 1970 a 1990. “São equipamentos que performam, têm durabilidade e operam normalmente, mas há também os que estão parados, que ao longo do tempo foram ficando sucateados. O retrofit é a possibilidade de trazê-los de volta à via e de maneira mais rápida quando comparada ao prazo de entrega de uma máquina nova”, explica Mata, dizendo que, em geral, o trabalho de retrofit gira em torno de dois a cinco meses, dependendo da máquina e das opções contratadas pelo cliente. “As ferrovias estão observando esse conceito com bons olhos”, acredita o diretor.

Processos eficientes

Para realizar esse e outros serviços na planta de Hortolândia, a Plasser do Brasil investiu na capacitação de mão de obra e na adoção de processos mais robustos. O conceito de lean manufacturing (na tradução livre, produção enxuta), que prega uma estrutura organizacional mais eficiente, com menos espaços para desperdícios, vem guiando a rotina na unidade, afirma o diretor de Operações, Marcelo Barbosa. As equipes são formadas para atuarem de forma multidisciplinar, ou seja, repassando seus conhecimentos no chão da fábrica. Essa reestruturação de processos, padronização e alinhamento de execução foi integralmente revisto pela empresa antes de a planta de Hortolândia ser inaugurada, conta Barbosa.

A planta tem quatro linhas para estacionamento de máquinas, além de espaços para lavagem, pintura, montagem e desmontagem de equipamentos e separação e armazenagem de componentes. A infraestrutura somada a uma nova metodologia de execução possibilitou não só a melhoria na qualidade dos serviços, mas também a redução do prazo de entrega das máquinas. Se antes o overhaul levava entre 10 e 12 meses, na nova unidade, esse tempo pode ser encurtado pela metade.

Plasser do Brasil oferece em Hortolândia reparos, overhaul e o inédito retrofit de máquinas; no futuro deverá voltar a fabricá-las

Vista aérea do galpão onde está localizada a nova planta
Vista aérea do galpão onde está localizada a nova planta

“Acho que é todo um conjunto de medidas que propiciou essas mudanças, que vai desde contratações estratégicas de profissionais com mindset mais fabril e processual até o próprio fato de a unidade estar abrigada em Hortolândia, um polo ferroviário e industrial importante, com facilidades logísticas e de captação de mão de obra especializada”, observa Barbosa. A planta da Plasser do Brasil em Hortolândia está localizada no mesmo complexo onde também se encontra a fábrica de vagões e serviços da Greenbrier Maxion.

Fabricação no Brasil

O momento favorável faz a empresa vislumbrar novos voos. Na verdade, trazer de volta o que um dia já foi realidade no país: a fabricação de equipamentos com o selo Plasser & Theurer. Até 2016, a empresa produzia maquinários em Campo Grande, como vagões de rejeitos e outras máquinas de médio e pequeno portes. Por decisões estratégicas da matriz, a produção no Brasil foi suspensa, transferindo-a para países como Índia, EUA e a própria Áustria. “A questão logística e o fato de Campo Grande ser uma área superpopulosa foram algumas das dificuldades em manter uma linha de produção de novos equipamentos no Brasil. Mas com a unidade de Hortolândia isso é bastante possível de ser retomado”, afirma o diretor Luciano da Mata.

A volta da fabricação de máquinas no país é tratada como prioridade dentro do planejamento estratégico da empresa, pontua Marcelo Babosa. “Entendemos que Hortolândia está preparada para retomar essa produção que o mercado brasileiro tanto espera”, reforça, acrescentando que a empresa está aberta e estudando o potencial de exportação de máquinas produzidas em solo brasileiro. O mercado externo – mais especificamente da América do Sul – também está no radar da empresa. Recentemente, a área comercial iniciou uma prospecção mais intensa em países como Colômbia, Argentina, Peru e Uruguai. A ideia é que a unidade de Hortolândia possa receber equipamentos desses locais, para que sejam executados os serviços de reforma, manutenção e assistência técnica no Brasil. “Hoje vamos aos sites desses clientes e fazemos os serviços. Num futuro próximo, queremos que esses equipamentos venham à nossa planta para podermos atuar da forma como trabalhamos aqui”.

O potencial de demanda no Brasil e em outros países tem levado a empresa a pensar numa eventual ampliação da capacidade fabril em Hortolândia. Espaço físico para se expandir no complexo industrial da cidade existe, garante Barbosa. E apetite da Plasser do Brasil também, complementa Mata.

fonte: https://revistaferroviaria.com.br/2023/10/nova-unidade-novos-servicos/

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